População deve ter atenção total contra diabetes
Ainda não se descobriu uma cura: até hoje o diabetes é considerado um mal crônico. Muitas pessoas já nascem com a predisposição. Outras adquirem o problema ao longo da vida. A enfermidade pode ser controlada com medicamentos e dietas alimentares, porém oferece grandes riscos quando não é cuidada corretamente. A amputação de um membro ou a possibilidade de morte por complicações são os medos mais frequentes de quem porta a doença.
De acordo com o Ministério da Saúde, 12 milhões dos adultos brasileiros têm diabetes. Porém, este número é menor do que em países como Estados Unidos, Argentina e Chile. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), no Pará, 1,5 milhão de habitantes têm pelo menos uma doença crônica: entre a grande incidência está o diabetes.
Conforme dados divulgados pela IDF (Internacional Diabetes Federation), em novembro de 2014, da população adulta no Brasil, estima-se que 3,2 milhões de brasileiros ainda não foram diagnosticados e não sabem que têm a doença. Por ano, a evolução do mal chega a causar 116.383 mortes e tem o custo para o governo de US$ 1.527,60.
No Pará, estão cadastrados 63.081 diabéticos no Sistema do Programa Hiperdia, o Sishiperdia. Em 2012, 225 novos diabéticos iniciaram tratamento no programa no Estado, além de outros 491 que foram diagnosticados com hipertensão. No ano seguinte, os números saltaram para 287 novos pacientes. O programa existe em 1.898 Unidades Básicas de Saúde espalhadas pelos 144 municípios paraenses, além de 919 estratégias do Programa Saúde da Família (PSF).
No sistema, 60% dos cadastrados são do sexo feminino, o que corresponde a 35 mil pacientes. Todas as faixas etárias são atingidas, especialmente mulheres entre 55 e 59 anos e homens na faixa de 60 e 64 anos. A Federação Internacional de Diabetes estima que, em 2030, serão 552 milhões de pessoas com diabetes e que a expectativa de mortes em decorrência da doença chegue a 3,8 milhões ao ano em todo o mundo – cerca de 6% da taxa de mortalidade mundial.
ATENÇÃO AO VILÃO
Para o endocrinologista João Soares Felício, a grande incidência do diabetes no Brasil já se tornou um caso de saúde pública. “A doença é muito frequente na população. Ela se caracteriza pelo aumento da taxa de açúcar no sangue e pode levar a alguns aparecimentos e consequências mais sérias se não for tratada”, alerta.
Os sintomas aparecem com algumas alterações simples do organismo, porém escondem sérios riscos. “No início, a pessoa tem muita sede, vai regularmente ao banheiro urinar, perde peso muito rápido. Em alguns casos há fraqueza, dores nas pernas, além de a visão ficar turva. A pessoa deve procurar ajuda de um médico, pois, se ela não tratar, vai apresentar complicações, que a longo prazo podem trazer problemas no coração, rins, circulação e na visão”, explicou.
A doença pode ser diagnosticada com exames simples e de baixo custo. “O diagnóstico vem com uma dosagem de sangue em jejum, chamado de glicemia. Ele é barato e pode ser feito em qualquer posto de saúde”, ressalta o endocrinologista.
O exame de glicemia do jejum é o primeiro passo para investigar o diabetes e acompanhar a doença. Os valores normais da glicemia do jejum ficam entre 75 e 110 mg/dL (miligramas de glicose por decilitro de sangue). Estar um pouco acima ou abaixo desses valores indica apenas que o indivíduo está com uma glicemia no jejum alterada. Isso funciona como um alerta de que a secreção de insulina não está normal, e o médico deve seguir com a investigação solicitando um exame chamado curva glicêmica, que define se o paciente possui intolerância à glicose, diabetes ou então apenas um resultado alterado.
DOIS TIPOS
Segundo o especialista, existem dois tipos de diabetes mais comuns. E, ao contrário de que pensa, a doença pode se desenvolver em crianças e adolescentes. “Os casos mais frequentes são os tipos I e II. O I é o mais raro, pois aparece em criança com uma predisposição genética e deve ser tratado com insulina. Já o II é mais comum surgir em adultos com mais de 40 anos”, disse João Felício.
O diabetes não tem cura, mas ele pode ser controlado através de atividade física e uma dieta balanceada. “Na medida em que se faz o diagnóstico, os alimentos que elevam o açúcar para o sangue muito rápido devem ser evitados. Eles não dão tempo para os pâncreas produzirem a insulina. Há até frutas que, por terem muita frutose, devem ser pouco consumidas, como a banana. Quanto mais comer esse tipo de alimento, maior será a dose de insulina que deve ser ingerida. Mas o principal a se fazer é exercício físico”, orientou.
O maior medo das pessoas com diabetes é ter um membro amputado. Entretanto, isso só ocorre quando a doença está em estado muito avançado. “A amputação vária com o tempo e de pessoa para pessoa, mas isso é quando existem complicações na circulação, podendo ser obstruídos pés, dedos e até pernas”, esclarece Felício.
O QUE É?
O diabetes se caracteriza pelo acúmulo de açúcar no sangue, aumenta o risco de doenças do coração e do rim e pode levar à cegueira, entre outras complicações. Ele acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo. O diabetes pode ser considerado uma síndrome metabólica com múltiplas origens: são decorrentes da falta de insulina ou da incapacidade dela exercer adequadamente seus efeitos, causando aumento do açúcar no sangue.
TIPO DE DIABETES:
Basicamente existe a pré-diabetes, o tipo I, o tipo II e a diabete gestacional:
Pré-diabetes: é quando uma pessoa tem potencial para desenvolver a doença. É um estado intermediário entre o saudável e o diabetes tipo II.
O tipo I: costuma surgir na infância ou na adolescência. Ele ocorre em cerca de 5% a 10% dos pacientes. É provocado por uma falha no sistema de defesa do corpo leva à destruição das células do pâncreas que produzem a insulina. Os portadores dependem do medicamento pelo resto da vida.
O tipo II: é a mais comum, aparece em cerca de 90% dos diabéticos. O pâncreas começa a falhar aos poucos. Tem carga genética, mas pode está ligada à obesidade e ao sedentarismo. Aparece na fase adulta. Pode ser controlada com remédios e dieta: as injeções de insulina são usadas apenas em alguns casos.
Gestacional: é o aumento da resistência à ação da insulina na gestação, levando ao aumento nos níveis de glicose no sangue diagnosticado pela primeira vez na gestação, podendo - ou não - persistir após o parto.
Existem tipos de diabetes decorrentes de defeitos genéticos associados a outras doenças ou ao uso de medicamentos. Podem ser:
- Por defeitos genéticos da função da célula beta;
- Por defeitos genéticos na ação da insulina;
- Por doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, neoplasia, hemocromatose, fibrose cística);
- Por defeitos induzidos de drogas ou produtos químicos (diuréticos, corticoides, betabloqueadores, contraceptivos e outros).
DIETAS PARA O DIABETES
- Evite mel, açúcar mascavo e caldo de cana: apesar de naturais, esses alimentos têm açúcar do tipo sacarose, maior vilã do diabetes;
- Hoje, os padrões internacionais já liberam que 10% dos carboidratos ingeridos podem ser sacarose, mas, sem o controle e a compensação, os níveis de glicose podem subir e desencadear uma crise.
O QUE É INSULINA?
Insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, o qual permite a entrada de glicose nas células para ser transformada em energia. Os pacientes com diabetes podem precisar de injeções do medicamento por diversos fatores. Entre eles estão: a não produção suficiente da substância ou não conseguirem usá-la adequadamente.
Quando a produção de insulina é deficiente, a glicose acumula-se no sangue e na urina, destruindo as células por falta de abastecimento: diabetes mellitus. Para pacientes nessa condição, a insulina é providenciada através de injeções, ou bombas de insulina. Recentemente, foi aprovado o uso de insulina inalada. Porém, ainda existem controvérsias acerca do uso do produto comercializado.
PROGRAMAS PARA OS DIABÉTICOS:
Entre os programas do governo federal para o controle da doença estão:
- Farmácia Popular, com medicamentos oferecidos por um preço baixo ou sem custo para os pacientes que apresentarem receituários;
- O Hiperdia foi criado para cadastrar Hipertensos e Diabéticos. As pessoas devem se cadastrar para o governo ter um controle da doença. Basta ir à unidade básica de saúde, com RG, CPF, comprovante de residência e uma receita médica comprovando que é portador;
- No Pará, existe também a Associação Casa do Diabético, localizada na travessa Muriti, 2743, bairro do Marco, em Belém.
(Diário do Pará)
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