A fórmula das paraenses nota mil no Enem
Quatro meninas. Camila Castro, 22 anos; Camila Trindade, 18 anos; Deborah Frazão, 16 anos, e Marcela Ramos, 18 anos. Cada uma com um estilo e personalidade diferentes. Em comum: todas foram nota 1000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Existiria uma fórmula? Elas dizem que sim. Tranquilidade, treinamento diário, seguir à risca o guia de redação do Enem e estar por dentro do maior número de assuntos possíveis. Eis a receita para um aluno obter uma redação de excelência.
A estudante do segundo semestre de odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Camila Castro, tenta há cinco anos o curso de medicina. Mesmo em outra graduação, ela não desiste do sonho de ser médica. “Em 2014, coloquei odonto como plano b. Esse ano foi o que eu mais me doei. Comecei odonto no segundo semestre de 2014. Fiz o primeiro semestre de cursinho. O segundo semestre foi na faculdade e em casa estudando pro vestibular. A gente que tenta medicina costuma dizer que a preparação é construída ao longo dos anos. Meus professores diziam que eu escrevia bem, mas eu não acreditava. Eu me cobro muito.”
Para Camila, o contato com o noticiário foi fundamental para desenvolver os argumentos da redação. “Mantive contato com a leitura, estive por dentro das notícias. Isso dá força para a argumentação. Tem uma competência que tu tens que relacionar as áreas. Ao longo dos anos, eu comprei muitos livros”, frisa.
Perseverante, Camila se inscreveu em medicina no Processo Seletivo da UFPA e no Sistema de Seleção Unificado (Sisu). “Quando a gente tem um sonho, a gente corre atrás. A frase que sempre meu deu força foi essa. O meu tio tentou por vários anos, fez vários cursos e conseguiu. A medicina vem para aquelas pessoas que perseveram”, garante.
Assim que terminou o segundo dia de provas do Enem, Marcela Ramos foi até a professora de redação para lhe mostrar o que havia produzido. Pela correção, ela não imaginava a nota que viria. “Eu queria muito tirar mil. Depois que fiz a redação, levei ao curso para a professora corrigir. Ela me deu uma margem de 900 pra cima. Eu estava esperando uma nota alta, mas não esperava que viesse mil”, sorri.
Marcela conseguiu ver o resultado no site do Enem, na noite de terça-feira, 13 de janeiro. A pontuação foi comemorada por toda a família. “Eu consegui acessar à noite o site. Estava com a minha mãe jantando. Disse que tinha tirado 1000. Ela me deu os parabéns.” A aluna estudava de manhã no cursinho e à tarde ia para o curso de redação. Treinava as redações durante a semana e não parava de estudar nem aos domingos.
Equilíbrio foi o que a aluna nota 1000 Camila Trindade precisou ter para alcançar êxito na redação. Em determinados dias, ela conta que a rotina de estudos era intensa. Além de estar por dentro dos assuntos abordados no cursinho, em outro curso específico de redação participava de rodas de debates e sempre apresentava as redações para a correção dos professores.
Para ela, separar um dia de descanso foi fundamental. “Eu sempre tirava o domingo como dia de descanso. Se não tivesse nenhum tempo para estudar durante a semana, eu não estudava aos domingos. Durante o ano todo, eu só estudei dois domingos, porque eu precisava entregar um trabalho. Eu acho que isso me ajudou. Eu relaxava mentalmente, descansava e, quando chegava segunda-feira, estava disposta”, ressalta.
A aluna destaca que o guia de redação do Enem deve ser seguido criteriosamente. Ele é a base para o êxito na redação. “A redação do Enem tem critérios diferenciados. Para a pessoa tirar nota mil, pode ter no máximo um erro. Não é um bicho de sete cabeças, tem que seguir as técnicas cobradas no Enem. Obedecer os critérios de avaliação deles”, diz.
Camila almeja o curso de arquitetura e urbanismo da UFPA. Já a estudante Deborah Frazão optou em seguir na carreira de odontologia. A escolha do curso foi feita em comum acordo com o pai, Arthur Frazão, 38 anos. Enquanto ele se preparava para o Exame da Ordem dos Advogados, a filha o acompanhava nos estudos para o Enem.
“Eu tinha que brigar com ela para ela parar de estudar. Dizia para irmos fazer outra coisa, para ela largar um pouco isso”, conta o pai. O momento dos estudos uniu mais a família. Deborah fazia curso de redação e também estudava na escola. Ela teve que interromper os ensaios de um estilo de dança coreano, conhecido como k-pop, para se voltar exclusivamente aos livros.
Dominar a estrutura e entender a proposta da redação foram o diferencial para ela. “No dia da prova, eu estava muito nervosa. Montei primeiro o esquema da redação, como se fosse uma receita”, conta.
(Diário do Pará)
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