domingo, 25 de janeiro de 2015

Lembranças e saudades da vida marajoara

Pés sentindo o macio da terra, o rosto tocado pela brisa da natureza e as mãos calejadas pelo trabalho duro. Este é o retrato pendurado na parede da memória de muita gente que vivenciou a rotina do município de Portel, a Estrela do Rio Pacajá, durante seu crescimento no último século. Para eles, mesmo com todas as inovações tecnológicas, a cidade sempre será um espaço pacato, integrado com a natureza.
"Tenho sorte de ter nascido em Portel. O Brasil é lindo, mas certas experiências só se vivem no Marajó", acredita o comerciante Jeferson Rodrigues, de 47 anos, que há cerca de 10 anos deixou a terra natal para morar em Marituba com a família da esposa. "Minha juventude foi na casa dos meus pais, que ficava em um furo do rio Anapú. Era uma casa simples, de ribeirinhos, e trabalhávamos duro pegando açaí. Existiam dificuldades, sim, mas era muito bom. Até hoje não me acostumo com essa rotina de cidade. Portel tem uma beleza natural muito grande. Nada se compara".
Além da cultura, a religiosidade também é uma marca característica do município de Portel. (Foto: Divulgação)
A opinião é compartilhada pelo estudante Rubem da Conceição, de 21 anos, que mora em Belém, mas costuma visitar a família em Portel com grande frequência. "Meu avô sempre conta a história do pai dele, que era baiano, mas foi morar em Portel ainda na época da extração da borracha. Saiam antes de amanhecer para o rio Pacajá para marcar as seringueiras. Trabalhavam quase todo dia, até que a atividade perdeu força", revela.
"Desde criança vou visitá-lo em Portel e sempre gostei de lá, um ritmo menos acelerado que Belém”, complementa Rubem. “Meu avô conta que, quando era mais novo, a cidade era ainda melhor, com um clima de vila ainda, sem grandes confusões e pouco movimento. Mas o local foi se desenvolvendo, principalmente nos últimos 15 anos."
A recepcionista Janira Almeida também lembra do município com saudosismo. Morando em Ananindeua há cinco anos, fala com carinho das três décadas que viveu na cidade marajoara, apesar de também ressaltar algumas falhas do local.
"Sai da cidade querendo dar uma educação melhor para meu filho, para que pudesse prestar vestibular, pois, infelizmente, a educação por lá ainda não é tão desenvolvida”, diz Janira. “Mas não quero nunca esquecer de Portel, minha terra linda: uma vida sem correria, a praia do Urucará, toda a natureza em volta e tudo mais. Minha cidade é bela, e, se tudo der certo, um dia ainda volto para lá."
(Gustavo Dutra/DOL)

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