Ilha do Combu é “outra Belém”
Apenas vinte minutos afastam Belém de uma das ilhas mais procuradas por paraenses que recorrem à calmaria e à tranquilidade nos fins de semana. A Ilha de Combu, localizada no rio Guamá, distante dois quilômetros da capital paraense, costuma receber centenas de pessoas em período de férias escolares.
As filas para fazer a travessia de barco começam a se formar na praça da Princesa Isabel, no bairro da Condor. Depois, é só tomar coragem e fazer uma das mais incríveis viagens sobre as águas. A travessia custa R$ 4, mas são cobrados outros valores para outros locais desejados. Os cerca de 15 bares e restaurantes não são próximos uns dos outros. Quem escolhe o destino pela primeira vez, se depara com belas paisagens a céu aberto.
A estudante Treyce Tavares, 20 anos, escolheu o local por ser calmo e diferente dos balneários badalados de Belém. “É desgastante ir à praia. E Combu tem várias vantagens: além de ser perto de Belém, a travessia, além de ser rápida, é bem em conta”, destacou.
Ela e o universitário Raphael Favacho, de 21 anos, que foram ao local quando ainda eram crianças, disseram que pesquisaram bastante antes de tomar a decisão de escolher o local como destino de lazer com os amigos. “Tivemos o cuidado de avaliar as vantagens do lugar quando comparado com as praias que já conhecemos e ainda ver opções de diversão”, contou.
Antes, porém, Raphael foi orientado pelos pais a verificar as condições de segurança da embarcação. “Ele sempre se preocupa com essa questão e, logo que eu cheguei, me informei como estavam essas questões, tanto de coletes salva-vidas quanto de capacidade de lotação”.
Atraído pelas propostas de diversão do local, outro casal, que foi conhecer a ilha pela primeira vez, mostrou bastante interesse em esportes radicais. “Viemos pensando em fazer trilha, mas, como não conhecemos o lugar ainda, vamos primeiro saber como é e, em uma segunda oportunidade, iremos nos programar para fazer esses esportes”, planeja Brena Pantoja, 20. “E devemos voltar logo, porque o lugar é incrível”, acrescentou Petrus Paulo, 20.
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VIDA RIBEIRINHA
Mas não são apenas casais que buscam a ilha como opção de lazer e entretenimento. Famílias inteiras escolhem o Combu. A dentista Edilene Moreira, 47 anos, contou que é frequentadora assídua da ilha. “Acho bom aqui porque é muito perto de Belém e a gente ainda fica longe do engarrafamento da cidade”.
Ela, que estava na companhia de oito pessoas da família, disse que eles praticam uma adaptação de uma modalidade de surf nas águas calmas do igarapé do Combu. “A gente traz equipamentos flutuantes e, ao chegar aqui, é só inflar e fazer uma espécie de Kitesurf (modalidade do surf em que a prancha flutuante é puxada por uma espécie de pipa, chamada de kite pelos praticantes)”.
Se quem morou a vida toda na cidade não resiste às belezas e ao encantamento com a exuberância da natureza local, o mesmo se pode dizer daqueles que nasceram ali e seguem escolhendo o local como meio de vida.
Ailson Gouveia de Sousa, de 58 anos, mais conhecido como “Careca”, nasceu no Combu. Fez uma vida de carteira assinada em Belém, mas hoje ele não troca o seu modo de viver por nada. “Morar numa ilha sozinho não é fácil, mas eu sou feliz em viver aqui. Acordo às 5h da manhã com os cantores da natureza. Tudo eu tenho aqui. Se quero uma canela ou um camarão ou peixe, eu tenho”.
Cercado pelo igarapé do Combu há dez anos, Ailson Sousa montou um restaurante que é bem popular na área e diz que o lugar agora pode oferecer muitos serviços, depois que foram feitas instalações elétricas - o que só ocorreu há uns três anos.
“Aqui, a gente falava aos clientes que não tinha como oferecer muita coisa porque não tinha como armazenar muita comida, por exemplo. Depois de uns quinze anos, a ilha passou a ser muito procurada. Nas férias, os restaurantes são bem movimentados, vem gente de todos os lugares do Estado e até do mundo. E por isso muita gente percebeu que poderia abrir um negócio aqui também”, sorri Ailson.
(Diário do Pará)
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